10 Coisas que Você Precisa Saber Sobre Obesidade
A obesidade é uma doença crônica, que afeta um número elevado de pessoas por todo o mundo. Porém, opção por uma rotina alimentar saudável e a prática de exercícios físicospodem contribuir com a prevenção e tratamento. Confira abaixo as 10 Coisas que Você Precisa Saber sobre a Obesidade:
* Consultoria da Dra. Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade/ABESO - Gestão 2017/2018
Obesidade infantil: definição, epidemiologia e etiologia
A obesidade é definida pela OMS como uma doença na qual existe um acúmulo de gordura que pode afetar a saúde e o sobrepeso como uma proporção relativa de peso maior que a desejável para a altura.
São condições de etiologia multifatorial, resultante do desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético, assim como pode ser determinada por fatores genéticos, fisiopatológicos, ambientais, comportamentais, sócio-econômicas e culturais.
Apresentam caráter epidêmico e prevalência crescente, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Dados nacionais dos anos de 2008 e 2009 revelaram que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava com sobrepeso ou obesidade. Entre os adolescentes, 21,7% do sexo masculino e 19,4% do sexo feminino apresentaram esse problema.
Ainda segundo a OMS, entre 1980 e 2013 a prevalência de excesso de peso e obesidade combinados aumentou 47,1% nas crianças em todo o mundo.
A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderá chegar a 75 milhões, caso nada seja feito.
Porcentagem de obesidade infantil no mundo.
Porcentagem obesidade infantil no Brasil.
Os fatores genéticos têm ação permissiva para que os fatores ambientais possam atuar, como se criassem “ambiente interno” favorável à produção do ganho excessivo de peso (sobrepeso e obesidade).
As crianças e adolescentes estão subordinados às condições socioeconômicas e culturais das suas famílias, o que influencia a prática de atividade física, a quantidade e o tipo de alimentos disponíveis.
Fatores nutricionais inadequados, conseqüentes da chamada transição nutricional caracterizada por um aumento exagerado do consumo de alimentos ricos em gordura e com alto valor calórico, associados a excessivo sedentarismo condicionado por redução na prática de atividade física e incremento de hábitos que não geram gasto calórico com assistir TV, uso de vídeo games ,celulares, tablets, computadores entre outros, sem limites de tempo, enfim por importante mudança no estilo de vida.
Estudos mostram que crianças que têm televisão no quarto apresentam um risco superior de obesidade
Na infância,a ingestão de alimentos ultraprocessados começa já nos primeiros anos de vida.
A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006) sinaliza que 40,5% das crianças menores de 5 anos consomem refrigerante com frequência.
Enquanto dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2013) apontam que 60,8% das crianças menores de 2 anos comem biscoitos ou bolachas recheadas.
Já a adolescência é um período da vida onde existe uma grande suscetibilidade a influências no estado nutricional, já que acontecem importantes alterações psicológicas, biológicas e físicas. Particularmente nessa fase, os hábitos e preferências alimentares que afetam o balanço de nutrientes e de energia podem sofrer modificações. O início da conquista da ´´independência´´ e da liberdade de escolha, por vezes sem maturidade e experiência suficientes, pode levar a um hábito alimentar não saudável. As refeições saem do núcleo familiar e passam a ser realizadas nas cantinas escolares e em shoppings, com aumento da ingestão de fast-food e bebidas hipercalóricas. Por isso é importante que os hábitos alimentares saudáveis desenvolvidos na infância sejam reforçados pela família quando a criança entra na adolescência. Existem evidências demonstrando que, na adolescência, a aquisição e manutenção de um hábito alimentar saudável ocorrem com mais freqüência quando existe uma rotina regular de refeições realizadas em família, com os pais servindo com exemplo. Contato: Referências bibliográficas: Abeso - Associação Brasileira para Estudo de Obesidade e da Síndrome Metabólica. OMS - Organização Mundial da Saúde. Rev. Educ. Fis/UEM, v. 23, n. 4, p. 629-634, 4. trim. 2012 Arq Bras Endocrinol Metab vol 47 no 2 Abril 2003 Camargo APPM, Barros FAA, Antonio MARGM, Giglio JS. A não percepção da obesidade pode ser um obstáculo no papel das mães de cuidar de seus filhos. Ciênc Saúde Coletiva. 2013; 18(2):323-33.Set; 24(3): 891-7. Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo 30 Abril 2017 | 03h00 Por que as garotas adolescentes são mais sedentárias que os garotos? Quando essa diferença de comportamento começa a aparecer? Novo estudo revela que já aos 9 anos duas em cada três meninas abandonam a atividade física diária, enquanto entre os meninos um em cada três está inativo. À medida que as garotas crescem, elas se sentem menos confortáveis com seu corpo e menos confiantes em praticar atividade física Foto: Tookapic/Pixabay. O trabalho da Universidade de Bristol, no Reino Unido, financiado pela Fundação Britânica do Coração, avaliou 1.300 crianças aos 6 e aos 9 anos. Nesse intervalo de tempo, as meninas aumentaram em 23% seu tempo de vida sedentária. Aos 9, o número de garotas que fazia uma hora de atividade física diária era a metade do número dos meninos. Para os especialistas, à medida que as garotas crescem, elas passam a se sentir menos confortáveis com seu corpo e aparência e menos confiantes em praticar uma atividade física. Os esportes coletivos, por exemplo, se tornam mais populares entre os garotos, o que afasta muitas meninas dessa importante forma de socialização. Os resultados foram publicados no periódico Journal of Behavioural Nutrition and Physical Activity e divulgados pelo jornal Daily Mail. Quais seriam as saídas? Para os pesquisadores, na escola, seria importante pensar a atividade física de uma forma mais lúdica e prazerosa e, por tabela, menos competitiva, o que poderia atrair mais a população feminina para sua prática. No fim de semana, os pais também teriam de se esforçar ainda mais para convencer as filhas a deixar o sofá e as convidativas “telas” da tecnologia para passar mais tempo se mexendo fora de casa. Diabete tipo 2. Crianças menos ativas têm maior risco de desenvolver sobrepeso e obesidade, que são a origem do aumento do número de casos de doenças metabólicas que vem sendo detectado nessa faixa de idade, em todo mundo ocidental. Novo levantamento do King’s College London mostra que, nos últimos 20 anos, o número de crianças com diabete tipo 2 aumentou cinco vezes no Reino Unido. Além dos casos diagnosticados na infância, uma criança obesa tem, também, quatro vezes mais chance de desenvolver essa condição no início da vida adulta. Nesse tipo de diabete, a insulina produzida pelo pâncreas enfrenta maior resistência em facilitar a entrada da glicose nas células. Os pesquisadores analisaram dados de 370 mil crianças entre 2 e 15 anos de idade e publicaram os resultados no Journal of the Endocrine Society. Obesidade e morte. Na mesma semana, outro estudo, da Cleveland Clinic e da New York University School of Medicine, nos EUA, apontou que obesidade é hoje a principal causa de mortes prematuras naquele país. Foram avaliados dados de 2014 que mostraram que a obesidade foi responsável por 47% mais anos de vida perdidos do que o cigarro ou a pressão elevada. Os especialistas afirmam que as campanhas contra o cigarro fizeram com que esse fator de risco tivesse hoje um peso menor nas causas de morte precoce. Para eles, seria urgente seguir o mesmo tipo de abordagem com a obesidade. Para isso, seria essencial alterar o estilo de vida de parte da população, com mudanças no peso, atividade física e alimentação saudável.
Brasil. No País, dados do Vigitel 2016 (Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco por Inquérito Telefônico), divulgados no início de abril, sinalizam que quase 20% da população está obesa e metade do País está acima do peso. Nos últimos dez anos, a obesidade saltou de 11,8% para 18,9%, enquanto o sobrepeso passou de 42,6% para 53,8%. Bom lembrar que há dois anos o Diagnóstico Nacional do Esporte (Diesporte) já revelava que quase a metade da população brasileira de 14 a 75 anos estava sedentária. As mulheres e as pessoas mais velhas eram as que menos se movimentavam, principalmente nas regiões mais urbanizadas. Entre os jovens de 15 a 19 anos, um terço “não se mexia”. Como se vê, por aqui, os problemas são bem parecidos! * JAIRO BOUER É PSIQUIATRA Diante do aumento na frequência do excesso de peso e obesidade infantil e na adolescência, o diagnóstico do estado nutricional em crianças e adolescentes deve fazer parte da avaliação de rotina tanto pelos pediatras quanto pelos endocrinologistas. O Índice de Massa Corpórea (IMC) é classicamente utilizado para classificação da obesidade no adulto, mas o seu uso em crianças e adolescentes é inadequado. Em 2009 a Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde do Brasil adotaram as curvas desenvolvidas pela OMS em 2007 (Figuras 1 a 4), que incluem curvas de IMC desde o lactente até os 19 anos de idade e consideram os pontos de corte para sobrepeso e obesidade os percentis 85 e 97, respectivamente (Tabela 1). Complicações da Obesidade Infantil O impacto da obesidade na criança pode ser quantificado pela influência que esta patologia tem na sua qualidade de vida, no recurso aos serviços de saúde, no absentismo escolar, na limitação nas atividades da vida diária, nomeadamente na prática de atividade física, assim como nas relações interpessoais, marginalização, depressão e isolamento. Na avaliação clínica de uma criança devem constar uma triagem de doenças específicas associadas à obesidade e de potenciais complicações da obesidade. Atualmente, a obesidade é uma importante causa de doença e de morte. As crianças obesas têm um risco aumentado de diversas complicações, as quais: Distúrbios psicossociais: O estresse pode ser uma consequência da obesidade, devido a fatores sociais e à discriminação, mas ele também pode ser a causa subjacente da obesidade. Há muito preconceito em relação à obesidade infantil; crianças com excesso de peso ou obesas são desenhadas como preguiçosas e feias. Existem sintomas comuns em pacientes com excesso de peso e obesidade e que sugerem uma relação entre estresse e obesidade que são: ansiedade, depressão, rejeição social e isolamento. Distúrbios do crescimento: O excesso de peso encontra-se associado a uma maturação sexual precoce nas meninas e um atraso na maturação sexual nos meninos . Distúrbios respiratórios: Complicações respiratórias, tais como a apnéia do sono, de padrão obstrutivo, a asma e a intolerância ao exercício físico, são frequentes em crianças obesas e podem limitar a prática de atividade física e dificultar a perda de peso. Distúrbios cardiovasculares: O aumento do colesterol sérico é um fator de risco para a doença coronária, e esse risco é ainda maior quando associado à obesidade. A aterosclerose tem início na infância, com o depósito de colesterol nas artérias musculares, formando a estria de gordura. Essas estrias nas artérias coronárias de crianças podem progredir para lesões ateroscleróticas avançadas em poucas décadas, sendo este processo reversível se interrompido no início do seu desenvolvimento. Distúrbios ortopédicos: A obesidade está relacionada com o aumento da lordose lombar, a presença de abdomen proeminente e a inclinação anterior da pelve. A escoliose, aumento da cifose torácica e deslocamento anterior da cabeça também estão relacionados com a obesidade. Distúrbios metabólicos: Os distúrbios metabólicos que podem estar presentes na obesidade infanto-juvenil são: resistência à insulina, diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, esteatose hepatica, síndrome do ovário policístico, colelitíase, entre outros. Muitos dados indicam que o excesso de peso na infância é o primeiro indício da história natural da obesidade. Segundo vários outros estudos, é comum que as crianças com excesso de peso e obesas se tornem adultos obesos. Sabe-se que a obesidade está associada à mortalidade prematura devido a diversas causas, tais como: a doença coronária, doenças cérebro- vasculares e determinados tipos de canceres. Contato: Referências bibliográficas: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). POF 2008 2009 - Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. 2010. Calliari LE, Kochi C. Síndrome Metabólica na Infancia e Adolescência. In: Mancini MC, Geloneze B, salles JEN, Lima JG, Carra MK, editors. Tratado de Obesidade. Itapevi: AC Farmacêutica, 2010: 225-238. WANG – Is obesity associated with early sexual maturation? A comparison of the association in American boys versus girls. Pediatrics 2002 LISSENER, L.; HEITMANN, B.L. – Dietary fat and obesity: evidence from epidemiology. Eur. J. Clin. Nutr. (1995) BRUSCHINI, S. & NERY, C.A.S. Aspectos ortopédicos da obesidade na infância e adolescência. In: FISBERG, M. – Obesidade na infância e adolescência. São Paulo, Fundação BYK, 1995. p.105-25. PUERTAS, E.B. Escoliose. In: BRUSCHINI, S. (ed). Ortopedia pediátrica. São Paulo, Atheneu, 54: 429-32, 1998. Entre 2006 e 2016, índice de brasileiros com a doença passou de 11,8% para 18,9%. Diabetes e hipertensão também cresceram O Ministério da Saúde divulgou, nesta segunda-feira (17), dados que revelam o aumento da obesidade no Brasil. Segundo o levantamento, uma em cada cinco pessoas no País está acima do peso. A prevalência da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. Os números fazem parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em todas as capitais brasileiras. O resultado reflete respostas de entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53,2 mil pessoas maiores de 18 anos. O crescimento da obesidade também pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão. As doenças crônicas não transmissíveis pioram a condição de vida e podem matar. O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016. O de hipertensão, no mesmo período, saiu de 22,5% para 25,7%. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres. “O Ministério da Saúde tem priorizado o combate à obesidade com uma série de políticas públicas, como Guia Alimentar para População Brasileira. A alimentação saudável aliada à prática de atividade física nos ajudará a reduzir a incidência de doenças como diabetes e hipertensão na população”, declarou o ministro Ricardo Barros. O índice de obesidade aumenta com o avanço da idade, mas, mesmo entre entre os brasileiros de 25 a 44 anos, o indicador é alto: 17%. O excesso de peso também cresceu entre a população das capitais. Passou de 42,6% para 53,8% em 10 anos. A pesquisa também mostra a mudança nos hábitos alimentares da população. Os brasileiros estão consumindo menos ingredientes considerados básicos e tradicionais. O consumo regular de feijão diminuiu 67,5%, em 2012, para 61,3%, em 2016. Apenas um entre três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana. Esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a desnutrição e agora está entre os países que apresentam altas prevalências de obesidade. * *Fonte: http://www.brasil.gov.br/saude/2017/04/obesidade-cresce-60-em-dez-anos-no-brasil O tratamento da obesidade infantil pode compreender três formas: tratamento comportamental, tratamento farmacológico e tratamento cirúrgico. O tratamento comportamental, com orientação dietética, aumento da atividade física e mudança de hábitos de vida é a primeira escolha na abordagem da obesidade infantil e, para muitas crianças, é totalmente eficaz. É importante salientar que o tratamento da criança obesa não pode ser isolado da família. Os programas de tratamento de crianças obesas que incluem múltiplos membros da família têm mais sucesso a longo prazo que os programas que incluem somente a restrição alimentar da criança obesa. Os benefícios conseguidos através da perda intencional de peso e manutenção a longo prazo manifestam-se na sua saúde em geral. Perdas de 5 a 10% do peso, melhoram o controle de doenças crônicas, beneficiam a função respiratória, apnéia do sono e sonolência noturna, apresentam benefícios sobre a sintomatologia osteoarticular,entre outros. Deve-se dar prioridade às necessidades energéticas e vitamínicas próprias da idade, encorajar a ingestão de fibras e desestimular a de alimentos ricos em colesterol e gordura saturada, bem como o uso excessivo de sal e açúcar refinado. A atividade física regular também é muito importante. O princípio fundamental para a prática de exercício físico na criança deve estar diretamente relacionado ao divertimento e ao bem-estar. Deve-se incluir na prática diária das crianças e adolescentes obesos atividades simples e espontâneas, tais como: brincar, correr, saltar, ir a pé para a escola, entre outras. Para muitas crianças, a abordagem dietética e do incentivo à prática de atividade física é insuficiente para produzir uma redução ou mesmo manutenção do seu peso. Mesmo para as crianças que inicialmente perdem peso, a recidiva é frequente. O tratamento farmacológico da obesidade infantil é um dos temas mais polêmicos da prática médica. Acredita-se que, tal como em adultos, algumas crianças obesas poderão beneficiar com a administração de medicamentos, desde que a sua eficácia e segurança sejam bem estabelecidas. Pouco se conhece sobre o efeito das drogas contra a obesidade em crianças e adolescentes. No entanto, há que ponderar a sua utilização em casos graves e refratários e que não são passíveis de controle através da abordagem multifatorial. O tratamento cirúrgico é liberado para adolescentes acima de 18 anos, quando nenhuma outra medida obteve sucesso, mas ainda é um assunto muito questionável e polêmico. O relatório da Comissão pelo Fim da Obesidade Infantil, da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no final de janeiro de 2016, propõe uma série de recomendações aos governos voltadas para a reversão da tendência de crescimento do sobrepeso e obesidade em menores de 5 anos. Segundo o relatório, muitas crianças estão crescendo hoje em ambientes que incentivam o ganho de peso e obesidade. Impulsionada pela globalização e urbanização, a exposição a ambientes insalubres está aumentando em países de alta, média e baixa renda e em todos os grupos socioeconômicos. O Relatório da Comissão apresenta 6 principais recomendações para os governos: 1) Implementar programas abrangentes que promovam a ingestão de alimentos saudáveis e reduzam a ingestão de alimentos pouco saudáveis e bebidas adoçadas com açúcar por crianças e adolescentes (por meio, por exemplo, da tributação efetiva sobre as bebidas adoçadas com açúcar e redução da propaganda de alimentos não saudáveis). 2) Implementar programas abrangentes que promovam a atividade física e redução do sedentarismo em crianças e adolescentes. 3) Integrar e reforçar as orientações para a prevenção de doenças não transmissíveis, com orientação atualizada sobre cuidados pré-natais (para reduzir o risco de obesidade infantil ao prevenir peso alto ou baixo no nascimento, prematuridade e outras complicações na gravidez). 4) Fornecer orientações sobre e suporte para uma dieta saudável, sono e atividade física na infância; promover hábitos saudáveis; e garantir que as crianças cresçam de forma adequada e desenvolvam hábitos saudáveis (promovendo o aleitamento materno; limitando o consumo de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal; assegurando a disponibilidade de alimentos saudáveis e atividade física). 5) Implementar programas abrangentes que promovam ambientes escolares saudáveis, saúde e conhecimentos de nutrição, além de atividade física entre crianças em idade escolar e adolescentes (por meio do estabelecimento de normas para a merenda escolar; eliminando a venda de alimentos e bebidas não saudáveis e incluindo nutrição e educação física de qualidade no currículo base). 6) Fornecer serviços de gestão de peso, baseados na família e com diversos componentes, para crianças e jovens obesos. No Brasil, por meio da lei n.o 8.080/1990 é regulado o Sistema Único de Saúde (SUS) como estratégia para atenção e cuidado à saúde, integrando a seguridade social e baseando-se nos princípios da universalidade, equidade e integralidade, devendo atuar na formulação e no controle das políticas públicas de saúde. Nesse contexto, surge a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN, portaria n.o 710/1999), que formula os requisitos básicos para a promoção e a proteção à saúde, atestando o compromisso do Ministério da Saúde em controlar os males relacionados à alimentação e nutrição já configurados no Brasil. Políticas públicas e programas de promoção da saúde, visando a hábitos alimentares saudáveis e práticas de atividades físicas regulares, são necessários. O governo brasileiro, nos últimos anos, tem promulgado ações de promoção de saúde que visam ao combate da obesidade infantil, como o Programa Saúde na Escola, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, a Regulamentação dos Alimentos Comercializados nas Cantinas Escolares, o Projeto Escola Saudável, a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas, os Dez Passos para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas e a Regulamentação de Propaganda e Publicidade de Alimentos. Observa-se a necessidade de implementar e de fiscalizar as leis e regulamentações para o controle da obesidade infantil no Brasil, além de promover a alimentação saudável, nos aspectos que envolvem o público infantil. A resolução 24/2010 da ANVISA dispõe sobre a oferta, a propaganda, a publicidade, a informação e outras práticas correlatas, cujo objetivo seja a divulgação e a promoção comercial de alimentos com quantidades consideradas elevadas de açúcar, gordura saturada, gordura trans, sódio e de bebidas com baixo teor nutricional, em quaisquer que sejam as formas e os meios de sua veiculação (rádio, televisão, cinema, jornais, revistas, demais impressos, folders, panfletos, filipetas, displays, in- ternet, entre outros). O objetivo central do regulamento é impedir o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, principalmente em crianças e adolescentes, público considerado de maior vulnerabilidade às mensagens publicitárias. Com isso, toda e qualquer propaganda desse tipo deveria vir acompanha de alertas sobre os perigos do consumo excessivo desses nutrientes, por meio de mensagens de acordo com as descritas na lei. Além disso, proíbe a utilização de figuras, desenhos, personalidades e personagens que sejam cativos ou admirados por esse público-alvo. Outra ação governamental que está em elaboração é o projeto de lei 5.921/2001, que determina: “fica proibida qualquer tipo de publicidade, especialmente as veiculadas por rádio, televisão e internet, de produtos ou serviços dirigidos à criança, no horário compreendido entre sete e 21 horas”. É justamente nesse horário que as crianças mais vêem televisão e os programas infantis veiculam as propagandas para esse público. Outro projeto de lei (no 150/2009) do Senado Federal regulamenta a propaganda de alimentos não saudáveis destinados às crianças, a fim de restringir a propaganda daqueles com alto teor de gordura trans e saturada, sódio e bebidas com baixo valor nutricional. Um dos itens do projeto defende a exibição da propaganda apenas entre nove horas da noite e seis horas da manhã e, mesmo assim, acompanhada de mensagens de advertência. Em outros países, medidas também estão sendo colocadas em prática, como por exemplo nos EUA que em 2007, o departamento de saúde e recursos humanos do governo norte-americano Small Step Kids, utilizou um vídeo com um personagem de animação muito conhecido pelas crianças, o ogro Shrek, para pedir que as crianças brinquem ao ar livre pelo menos uma hora por dia, praticando exercício físico: “Be A Player Get Up And Play An Hour A Day”. Ações preventivas surgem até mesmo nos cinemas: em inícios de Julho de 2008, estreou um filme de animação de um urso panda, chamado Po, que com os seus 130 quilos não se enquadra bem na prática de kung fu. No entanto, Po acaba por descobrir que o que pareciam ser as suas fraquezas são afinal as suas maiores forças. Segundo diversas críticas cinematográficas: “esta mensagem é amigável para crianças com baixa dose de auto-estima ou que sofrem de problemas relacionados com o excesso de peso.” Contato: Referências bibliográficas: Rev Paul Pediatr 2011;29(4):625-33. Organização Mundial da Saúde (OMS) - http://www.paho.org Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO)- http://www.abeso.org.br/ http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/index.htm A obesidade custa ao Brasil 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo um estudo internacional conduzido pelo McKinsey Global Institute, que mostra o aumento dos gastos no combate ao problema no mundo. O custo equivale equivaleria a R$ 110 bilhões, considerando o PIB - a soma de todas as riquezas produzidas em um país - brasileiro em 2013 (R$ 4,8 trilhões). Leia mais: Receita dinamarquesa é sucesso contra obesidade infantil No mundo, 2,8% de todas as riquezas são gastos no enfrentamento da obesidade. Isso equivale a cerca de R$ 5,2 trilhões, afirmam os pesquisadores. O custo mundial da obesidade é quase o mesmo de doenças decorrentes do fumo ou perdas em consequência de conflitos armados - e tão relevante quanto o alcoolismo e as mudanças climáticas. No Brasil, a obesidade é o terceiro de uma lista de problemas de saúde pública que mais pesam na economia, atrás de mortes violentas e alcoolismo, mas na frente de tabagismo. De acordo com a McKinsey, 2,1 bilhões de pessoas - cerca de 30 % da população do mundo - estão acima do peso ou obesos. A McKinsey afirma que em 2030, cerca de 50% da população poderá ser classificada como obesa, um percentual que o Brasil já atingiu. Levantamento do Ministério da Saúde revela que 51% da população brasileira está acima do peso. O relatório afirma que existe um crescente "pedágio econômico" decorrente da obesidade: os custos financeiros impactam não apenas o setor de saúde pública, mas se distribuem amplamente na economia. Ao provocar doenças, por exemplo, a obesidade diminui os dias úteis e afeta a produção. Leia mais: Os pesquisadores argumentaram por uma série de políticas ambiciosas e sistêmicas. De acordo com os pesquisadores, a resposta ao problema não pode vir apenas de iniciativas individuais. Entre as sugestões contempladas no relatório estão o controle das porções de alguns alimentos embalados e a legislação adequada da indústria de fast food e alimentos processados. Leia mais: Médicos britânicos querem indicação de calorias em bebidas alcoólicas Leia mais: Contra obesidade, entidades querem que comida seja regulada como cigarro O estudo afirma que estas medidas são mais eficazes do que impostos sobre alimentos ricos em gordura e açúcar, ou campanhas de saúde pública. Também foram considerados programas de controle de peso e de exercícios no ambiente de trabalho. O relatório pede "uma estratégia de escala" para uma realidade "que está alcançando proporções de crise". Uma pessoa é considerada obesa se tiver excesso de peso combinado a um elevado grau de gordura corporal. A maneira mais comum para avaliar se uma pessoa é obesa é verificar seu índice de massa corporal (IMC), que divide o peso em quilos pela altura em metros ao quadrado. Um IMC acima de 25 significa excesso de peso. Um IMC de 30 a 40 equivale a obesidade. Indivíduos com IMC acima de 40 são considerados muito obesos. Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/11/141120_obesidade_rp
Garotas sedentárias
Estudo apresentado pela Universidade de Bristol revela que já aos 9 anos duas em cada três meninas abandonam a atividade física diária
Obesidade infantil: diagnóstico e consequências
Obesidade cresce 60% em dez anos no Brasil
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da SaúdeObesidade infantil: tratamento e medidas preventivas.
Obesidade já custa ao Brasil 2,4% do PIB, diz estudo
'Pedágio'